sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Betim: acusados de tráfico negam crime, e CPI quer novo debate

 
 
Do Jornal O Tempo
Por Dayse Resende

  
Betim/MG - Três dos seis indiciados pela Polícia Civil por tráfico de bebê no Hospital Regional de Betim falaram pela primeira vez publicamente durante audiência realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas da Câmara Federal, nesta quinta-feira (24). O debate foi promovido no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção Betim.
  
Os suspeitos negaram o envolvimento em todos os crimes, inclusive o de falsidade ideológica. Participaram da audiência promovida pela CPI Eliane Azzi, suspeita de intermediar a entrega do bebê, seu marido, Alexandre Azzi, e a irmã de Eliane, a ex-funcionária pública Cláudia Gianni.
  
Aos deputados, os três afirmaram que não sabiam que a mãe biológica da criança, Janaína Carvalho, estava usando documentos de Selena Castiel, advogada de Rondônia que iria receber a criança, na hora do parto. “Jamais houve tráfico de criança, apenas a oportunidade de poder ajudar alguém a adotar um filho, como um dia eu adotei. Apesar de saber que Janaína ia entrar no hospital com o nome de Selena, eu não sugeri a elas que falsificassem os documentos. O acordo foi entre Janaína e Selena”, disse Eliane.
  
O seu marido Alexandre Azzi, que foi citado pelo presidente da CPI, o deputado federal Arnaldo Jordy, como “intermediário” na negociação da criança, alegou que o seu papel no caso foi o de prestar esclarecimentos para Selena sobre o interesse de Janaína em doar o seu filho.
 
Ele também negou que soubesse da falsificação do documento de Janaína, mas confirmou que Selena pagou as despesas enquanto ela estava grávida e ficou hospedada em Belo Horizonte. “Depois da conversa que eu e a Eliane tivemos com Janaína, saí de cena. Apesar de saber que ela havia se mudado para Belo Horizonte e que estava sendo mantida pela Selena com o apoio da minha esposa, eu não sabia da falsificação da identidade. Imaginei que a Janaína teria o filho em nome dela e, depois, a Selena pediria a guarda provisória da criança”, ressaltou Alexandre.
  
A ex-funcionária pública Cláudia Gianni, indiciada por tentar usar do cargo que ocupava para facilitar a saída da criança do Hospital Regional, também disse que, apesar de saber que Janaína estava morando em Belo Horizonte, não sabia que ela iria entrar na unidade com o nome de Selena. “Minha irmã me pediu ajuda para chegar à maternidade pública, mas ela se perdeu e aí nós fomos para o Regional. Lá, enquanto Janaína entrou no banheiro com a minha irmã, eu fiz a ficha dela. Só soube da falsificação quando vi que, na ficha, estava o nome Selena”, disse Cláudia.
  
Para o delegado Tito Barichello, responsável pelas investigações, apesar de não ter existido o repasse direto de dinheiro em troca do bebê, a manutenção das despesas de Janaína pela Selena configuram tráfico. “Houve o pagamento indireto pela criança através do custeio das despesas da gestante”.
  
Contradição
  
Para o presidente da CPI, o deputado federal Arnaldo Jordy, alguns depoimentos foram contraditórios em relação ao inquérito policial. “Não podemos fazer um pré-julgamento, mas, na minha opinião, alguns depoimentos foram muito contraditórios. Precisamos com as investigações e diligências complementares que a CPI vai fazer ajudar a Justiça a apurar devidamente o fato”.
  
Na opinião dele, é necessária realizar uma nova audiência com os indiciados. “Vamos levar o fato à comissão e propor acareações entre os supostos envolvidos no sentido de elucidar as contradições”.
 
   

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