segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Artigo - Por uma Belém Sustentável

 
*Arnaldo Jordy
 
Belém completou 396 anos. É quase uma quatrocentona que ao longo do tempo se tornou um centro de atração capaz de agregar pessoas vindas de outras cidades do Pará e de outros estados. Nossa capital já esteve entre as mais importantes cidades do país, com índices de crescimento e desenvolvimento capazes produzir um PIB que por muitos anos se comparou em números ao que era produzido por cidades como Porto Alegre, por exemplo – cidade do mesmo porte populacional de Belém. Em decorrência dessa economia, Belém possuía um orçamento anual quase no mesmo montante da capital gaúcha. O passar dos anos nos penalizou.

Porto Alegre, em 2005, já operava com um orçamento de mais de R$ 2 bilhões, enquanto o de Belém não atingia R$ 1 bilhão. Em 2010, a capital gaucha possuía um orçamento anual de mais de R$ 3,5 bilhões, enquanto Belém não chegava aos R$ 2 bilhões. Soma-se a isso a lentidão na realização de obras, pois, ao longo dos últimos sete anos vimos apenas a construção de uma passarela na BR 316 para ligar uma calçada a outra, num tempo recorde, não pela velocidade da obra e, sim, pela demora. Assistimos a uma avalanche de propaganda de duas avenidas, a Duque e a Marquês sem que as mesmas tenham criado relevantes novos acessos. Apenas um “recapeamento” dessas ruas. A obra de maior porte, o chamado “Portal da Amazônia”, poderá nesses sete anos inaugurar dois quilômetros de trajeto, também, sem interferir na questão econômica de modo a sustentar o desenvolvimento da cidade.

Quem pensa a cidade e percebe seu estrangulamento e a ausência do poder público em diversas áreas, sabe que é preciso uma dinâmica de gestão que inverta a lógica que ao longo de muitas décadas tem prevalecido. A gestão pública em Belém não pode governar a cidade sem visão de futuro e sem perceber que as obras precisam estar articuladas com a possibilidade de um crescimento sustentável, capaz de aumentar o PIB e a receita do município para assegurar a construção de um espaço urbano saudável, racional e satisfatoriamente habitável. Não se pode reduzir a questão, é verdade, apenas à economia, mas, é ela que nos dará condições de atacar outros graves problemas.

Nossa Belém do futuro, como bem sabemos, tem muitos problemas a serem vencidos. Ainda é uma realidade as dificuldades de muitas famílias sem água potável ou quase nenhum acesso ao saneamento (a 2ª pior no Brasil). São muitas as ruas escuras, sem drenagem, que causam graves transtornos à segurança pública. Temos que reconhecer as sérias dificuldades na promoção à saúde de nossa população, sobretudo aquelas que habitam os bairros mais pobres. Já são 11 processos tramitando no MPE e MPF de desvio e irregularidades. O fomento à cultura foi desprezado, salvo nas “negociatas”para pagar R$1,5 milhão para um show de cantora de fora. A mobilidade e o trânsito entre nós são caóticos. A qualquer hora e por qualquer razão se vive o stress dos congestionamentos sem fim.  Sempre haverá tempo de fazer algo para mudar essa realidade que coloca Belém no cenário internacional, infelizmente, entre as cidades mais violenta do mundo.

Ninguém desconhece os desafios que Belém impõe. Porém, a responsabilidade em fazer uma Belém realmente sustentável tem que ser assumida por todos nós. Assim, parabenizar nossa Cidade Morena, marcada pelos seus túneis de mangueiras, pela Praça Batista Campos, pelo magnífico Teatro da Paz e pela dimensão de nossa Baia do Guajará não pode ser apenas uma congratulação formal, mas uma declaração de benquerer e de compromisso de todos. Parabéns Belém !

Arnaldo Jordy é deputado federal pelo PPS/Pará
 
 

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