segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Artigo - Educação de qualidade é o caminho


Arnaldo Jordy*

O Brasil, quando de seu descobrimento, teve como seus primeiros educadores, os religiosos da Companhia de Jesus, os padres jesuítas, que além de ajudar na dominação portuguesa sobre os índios, usando basicamente a catequização, também, trouxeram as primeiras letras.
 
Incomodado com o domínio da Igreja Católica, que se mantinha influente nas colônias portuguesas, Marquês de Pombal decidiu fazer uma reforma no ensino e, para tanto, acabou em conflito com os Jesuítas, terminado por expulsá-los do Brasil em 1759. A reforma de Pombal previa que os locais mais distantes, os vilarejos, deveriam ter escolas. O Marquês, porém, esqueceu-se que a estrutura era muito precária, não se tinha um quadro de professores e a ampla maioria da população, inclusive a branca e mestiça, não sabiam ler. A população negra era a mais excluída. Somente no século XXI é que se vai dar à mulher o direito de estudar. Entretanto, esse direito somente lhe permitia estudar para ser professora.

Hoje, refletindo sobre educação e tendo verificado in loco o desenvolvimento da China, onde este tema é levado a sério, como foi levado por outros países orientais, percebo que ainda estamos muito aquém de nossa tão sonhada educação de qualidade. É verdade que temos alguns avanços, mas é verdade também que ainda não podemos nos apresentar como um país que deu salto significativo neste campo e, por isso, temos que ousar e criar mecanismos que possam assegurar um caminho cientificamente mais digno e seguro, sem tanto empirismo, sem tantas desigualdades.

Apresentei um Projeto de Emenda ao Plano Nacional de Educação, para que as Escolas publiquem o IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, para dar conhecimento à sociedade sobre o nível em que se encontra a nossa escola pública com objetivo de provocar uma mobilização da comunidade escolar. Quantos pais de alunos e profissionais da educação conhecem o IDEB das escolas de seus filhos ou de onde trabalham ? Que ações estão desenvolvendo para superar as dificuldades e obter notas em conformidade com a média nacional ? É certo que o conhecimento do IDEB, isoladamente, não resolve as dificuldades, mas propicia a busca da construção de um pacto da sociedade pela melhoria da educação, valorizando e estimulando a meritocracia.

É importante, ainda, que se apontem a partir desses índices, as falhas que a Escola ou a Rede de Ensino devem superar. Por que digo isso? Porque o índice não é a mera avaliação dos alunos, visto que além da prova existe o critério de reprovação e evasão escolar que são indicadores importantes na composição da avaliação feita pelo IDEB. Com esses mecanismos de percepção sobre a escola pública é possível que se pensem políticas capazes de assegurar a permanência do aluno na escola e, o que é mais interessante, com o enfrentamento da chamada “reprovação”.

O desafio é grande. Em 2010, o IDEB do Pará foi o pior do Brasil e Belém obteve o pior indicador entre as capitais brasileiras. Segundo dados do IBGE, em nossa cidade, estima-se que mais de 100 mil crianças estejam fora do ensino básico, sendo que a rede particular em conjunto com a pública atendem no máximo 30 mil crianças, deixando cerca de 70 mil delas fora do ensino fundamental. A ausência da educação infantil compromete de forma irreversível a formação dos alunos no futuro, fragilizando sua estrutura cognitiva e consequentemente, suas oportunidades no futuro.

Esse debate precisa sensibilizar e mobilizar a sociedade brasileira como um todo, para que superemos essa etapa ainda muito abaixo das necessidades. Isso, também, deve ser encarado como mais um desafio capaz de produzir mudanças que venham impactar positivamente da vida desses futuros cidadãos.
 
* Arnaldo Jordy é deputado Federal pelo PPS/Pará
 
 

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