terça-feira, 24 de abril de 2012

Jordy pede abertura da caixa preta da Celpa

  
 
Da Assessoria em Belém
  
“No estado do Pará poderia acontecer qualquer tipo de problema, menos dessa natureza, pois temos um grande potencial para produção de energia elétrica”, afirmou o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA), propositor da audiência pública que discutiu ontem (23), na Assembleia Legislativa do Pará, a precariedade nos serviços de distribuição de energia da concessionária Rede Celpa. Segundo o parlamentar, a audiência teve por objetivo esclarecer a população sobre os reais motivos que problematizam o setor. “Queremos que se abra essa caixa preta das razões estruturais dessa realidade”, falou Jordy.

A audiência pública foi motivada principalmente pelo pedido de recuperação judicial da Celpa, que no mês de fevereiro anunciou uma dívida de aproximadamente 3 bilhões de reais, ou seja, as razões da ineficiência dos serviços prestados pela empresa derivam de problemas financeiros, como foi admitido, ontem, pelo Diretor de Planejamento e Projetos da Celpa, Álvaro Bressan. Essa revelação foi contrária à última afirmação da empresa, que em setembro do ano passado, na primeira audiência pública sobre a questão, disse estar investindo, desde 2009, 460 milhões de reais na ampliação e manutenção da rede, dos quais R$ 185 milhões já tiveram aplicação e R$ 275 milhões estariam previstos para serem gastos este ano.
 
Diante desse cenário, é comum entre os clientes da Celpa o sentimento de engano e insatisfação, como foi visto nas palavras de Priscila Lopes, moradora do distrito de Mosqueiro, que reclamou a falta de energia para mais de cem famílias das comunidades Baia de Santo Antônio Pratiguara e Mari-Mari; sendo que a Celpa já diz ter contemplado essas localidades com o Programa Luz para Todos. No Procon, a concessionária lidera por queixas de cobranças abusivas e cortes de energia.
 
Dados apresentados pela ARCON - Agência de Regulação de Serviço Público do Estado do Pará mostram que, entre 1999 e 2011, a concessionária foi multada em 120 bilhões de reais e não chegou a pagar nem 1 das infrações recebidas. “Se a Celpa estivesse prestando bons serviços essas infrações não aconteceriam”, disse José Frazão Pereira, representante da ARCON. Os Ministérios Públicos Estadual e Federal também pronunciaram-se durante a audiência, os dois órgão estão acompanhando o processo de recuperação judicial da concessionária. Por enquanto, por decisão judicial, é certo apenas o pagamento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários – PCCS aos trabalhadores da Celpa.

Durante a audiência, a Celpa apresentou índices de melhorias nos números de cortes e horas das interrupções: No âmbito da região metropolitana, a frequência das interrupções caiu de 37 para 29 e o tempo de duração delas baixou de 52h para 39h. Apesar desses dados, o deputado Arnaldo Jordy ainda critica a empresa por impor a 4ª tarifa mais cara do Brasil, uma vez que o Pará é produtor de energia, e por 20% da população paraense ainda não ter acesso aos serviços. “O custo amazônico é diferenciado, temos dimensões continentais e isso precisa ser discutido. O parlamentar também criticou a omissão da ANEEL, agência reguladora do setor, que tem a responsabilidade de fiscalizar e regular os serviços da Celpa.

No próximo dia 05 de maio a Celpa apresentará um plano de recuperação. Participaram da audiência representantes da ARCON, do MPE, do MPF, do Sindicato dos Urbanitários, da Central Única dos Trabalhadores – CUT/PA, da Câmara Municipal e do Procon/PA.

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