Da Rádio Câmara
Por Luiz Cláudio Canuto
Pouco acrescentou aos trabalhos da CPI do Tráfico de Pessoas o depoimento do jornalista José Aparecido Metele de Matos sobre o episódio da adoção de cinco irmãos de Monte Santo, no interior da Bahia, por quatro famílias paulistas - tema que foi tratado pelo Programa Fantástico da Rede Globo em outubro do ano passado e que teve como desfecho a restituição das crianças à família, apesar de o caso ainda estar na Justiça.
José Aparecido cobriu o assunto para escrever um livro e publicou na internet textos em que sugeria ter informações inéditas sobre o caso. Mas à CPI ele disse que o processo de adoção não teve as irregularidades apontadas pela Rede Globo e que o juiz, não havendo abrigos que acolhessem as crianças em risco, encaminhou-os à adoção.
"Então era a a pessoa que, coincidência ou destino, ela foi chamada para tomar conhecimento se havia interesse. E ela tomou interesse e levou. E tem que ainda, como é médica, ficou com a criança hospedada uma semana, frequentou as farmácias em Euclides da Cunha, pegou todo o medicamento necessários para procedimentos, porque a criança estava comida de pernilongo e tinha um berne na cabeça, estava maltratada."
O jornalista afirma que havia um histórico de maus tratos na família da mãe das crianças, Silvânia da Silva, o que provocou, segundo um inquérito policial que ele ficou de entregar à CPI, a morte de uma sobrinha de Silvânia por desnutrição. Aparecido afirma, ainda, que uma acusação grave contra o pai biológico das crianças não foi revelada na decisão posterior de restituir as crianças à família biológica.
"Apenas quatro dias antes da revogação da guarda, o Gerôncio, tem um B.O. aqui de uma tentativa de estupro e o juiz Luiz Roberto Carlos tomou conhecimento disso. Como que um juiz tomando conhecimento, simplesmente ignorou e revogou as guardas?"
Na CPI, Aparecido afirmou ter namorado a médica Letícia Fernandes, que adotou uma das crianças, e que parte dos textos que motivaram sua convocação foram feitos sob a emoção do fim do relacionamento, o que frustrou o presidente da CPI, Arnaldo Jordy, do PPS do Pará.
"Ele teria dito a ela que ele não ia participar dessa conivência, que ele teria muita coisa a falar, que ele era um cidadão de bem, portanto ele não poderia participar dessas promiscuidades que levaram a essa senhora, Letícia, que foi uma das mulheres que pretendiam adotar essas crianças e que ele não ia fazer parte desse conluio, que a Carmen Topschall, que é a principal suspeita de intermediar essa rede criminosa, não era uma madre Teresa de Calcutá, como a Letícia afirmava para os outros, que ele era um sujeito de bem, que ele não tinha por que participar disso, que Letícia mentiu profundamente pra ele e ele não podia aceitar, e aí, quando ele chega aqui ele não diz nada."
O presidente da CPI concorda com a proposta da quebra de sigilo bancário de José Aparecido, que deve ser apresentado pela relatora da comissão, deputada Flávia Morais, do PDT de Goiás.
O outro depoimento previsto não ocorreu. O delegado da Polícia Federal da cidade do Oiapoque, no Pará, Everaldo Jorge Martins Eguchi, falaria sobre o tráfico de pessoas no município e não compareceu.
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