segunda-feira, 4 de março de 2013

Obras de Belo Monte podem parar se comprovada conivência com o tráfico humano

 
Do G1 Pará
 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso de exploração sexual e tráfico humano em Vitória do Xingu, próximo ao canteiro de obras da usina Belo Monte, no Pará, vai apreciar nesta terça-feira (5), o requerimento para convocar a Norte Energia, responsável pela obra, para prestar esclarecimentos.
  
O requerimento é de autoria do deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), que esteve no município juntamente com o deputado José Augusto Maia (PTB-PE). Eles estiveram na localidade para visitar as áreas onde funcionavam boates em que jovens eram exploradas sexualmente.
Jordy acredita que o requerimento será aprovado pelos membros da comissão. “Não tem como admitir um bordel dentro da área da empresa, que foi uma concessão pública, de utilidade pública, funcionando dentro do local”, afirma o deputado.
   
“É impossível a empresa não ter nenhum tipo de culpa. Tem que passar por duas guaritas da empresa para chegar no local. É uma situação inadmissível”, relata Arnaldo Jordy. “Dependendo das explicações, vamos avaliar que procedimentos tomar, dentre eles, inclusive, a paralisação da obra até que as condicionantes possam ser observadas”, afirma.
   
Na ocasião da visita dos parlamentares ao canteiro de obras de Belo Monte, a equipe de reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria do CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte), que, em nota, disse que o imóvel citado funcionaria em uma chácara na zona rural daquele município, em terreno particular de propriedade desconhecida e distante cerca de 20 km do canteiro de obras mais próximo. Ainda de acordo com o consórcio construtor, nenhuma das áreas localizadas no perímetro mencionado seria de titularidade da Norte Energia e, portanto, de sua responsabilidade. A Norte Energia só seria responsável pelas áreas efetivamente adquiridas.
 
Entenda o caso
   
Membros da CPI do Tráfico de Pessoas da Câmara Federal realizaram uma audiência pública na câmara municipal de Altamira, no sudoeste do Pará, para ouvir relatos sobre a exploração sexual no Pará. A reunião teve participação do Ministério Público, das polícias Civil e Cederal e do Conselho tutelar, que denunciou a exploração sexual no município de Vitória do Xingu no dia 13 de fevereiro, após ser procurado por uma jovem de 16 anos que teria conseguido fugir de uma boate onde era obrigada a se prostituir.
 
Os deputados visitaram as boates que tiveram os alvarás cassados pela polícia em Vitória do Xingu, vistoriando as dependências onde as vítimas eram mantidas após serem aliciadas em estados do sul do país. Segundo os parlamentares, pela proximidade das boates com as obras de Belo Monte, não há possibilidade da Norte Energia, responsável pelo empreendimento, não terem conhecimento da existência destes estabelecimentos.
 
 

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