quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Empresária nega ter enviado irmãs para serem escravizadas na Índia

 
   
Dona de agência depôs à CPI do Tráfico de Pessoas na Câmara. Comissão agora cogita promover acareação entre ela e as duas jovens.
 
Do G1, em Brasília
   
A empresária Raquel Felipe, dona da agência de modelos Raquel Management, de São José do Rio Preto (SP), negou nesta terça (6), em depoimento à CPI do Tráfico de Pessoas da Câmara dos Deputados, que tenha enviado duas irmãs de 15 e 19 anos para trabalhar em condições análogas à de escravidão em Mumbai (Índia).
 
A empresária negou as acusações de que as jovens viviam em situações precárias, mas admitiu que o contrato delas não foi cumprido conforme o combinado, porque, segundo afirmou, dias depois de chegar à Índia uma das modelos se machucou e não comparecia às reuniões de trabalho. Além disso, segundo ela, as irmãs não chegaram ao país falando inglês fluente, o que era exigido pelo contrato.
 
Como Raquel Felipe negou todas as alegações das jovens, a CPI avalia a possibilidade de promover uma acareação entre ela e as modelos.
 
A empresária disse que, em 18 anos de profissão, já encaminhou modelos para vários locais, como Japão, Nova Iorque, Itália, Grécia, Turquia e Ásia, e nunca teve problemas.
 
"Comecei esse trabalho com muita luta. É a primeira vez que isso está acontecendo, nenhuma outra modelo havia reclamado," afirmou Raquel Felipe, que chorou durante a sessão.
 
Ela também afirmou que não tinha conhecimento de que o prédio onde as meninas se hospedaram era usado para prostituição e nem de que o funcionário responsável por cuidar das modelos tinha antecedentes criminais. "Ele foi indicado por uma pessoa de confiança. Então, não desconfiei de nada", afirmou Raquel.
 
Em reunião da CPI no último dia 10 de julho, uma das irmãs, Ludmila Verri, disse que assinou contrato com a agência de Raquel, responsável pela intermediação da viagem delas para a Índia. O visto de trabalho, segundo a jovem, foi pago pelo agenciador indiano Vivek Singh, dono da K-Models Management.
 
Na Índia, Ludmila conta que ela e a irmã foram recebidas por Vivek e instaladas em um apartamento sujo e sem água, em um bairro conhecido pela prostituição. A jovem contou que as duas eram vigiadas pelo porteiro do prédio e não podiam sair sem o conhecimento de Vivek.
 
Com pouco tempo no país, Ludmila se machucou e durante esse período, a irmã, menor de idade, era obrigada a trabalhar 14 horas por dia em sessões de fotografia.
 
Segundo Ludmila, o agenciador indiano chegou a se insinuar para ela, mas não abusou sexualmente das jovens."Enquanto eu estava machucada, ele passava a mão na minha perna e eu não gostava disso", afirmou a jovem. Ela ainda afirma que Vivek era alcoólatra e, muitas vezes, entrava descontrolado no apartamento, chegando inclusive, a tentar agredi-las.
 
Com o auxílio do consulado brasileiro, que arcou com os custos da viagem, Ludmila e a irmã, foram resgatadas e conseguiram voltar ao Brasil.
 
A Justiça, após o caso, determinou que as duas agências parassem de enviar modelos ao exterior, além de obrigá-las a indenizar as jovens por danos morais e ao governo, pelos gastos com as passagens de volta ao Brasil.
  
 

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