* Arnaldo Jordy
Ninguém precisa mais dizer que a educação deve ser prioridade e que é a verdadeira chave para o desenvolvimento de qualquer país. Todos sabem disso, até mesmo os governantes que pouco ou nada fazem ou fizeram para melhorar a qualidade do ensino, mas usam a educação como mote publicitário e eleitoreiro. Foi o caso da presidente afastada Dilma Rousseff, que lançou como lema de seu segundo e malfadado governo a "Pátria Educadora".
Ora, o tempo e os fatos provaram que a Pátria Educadora de Dilma Rousseff era nada mais que um bordão criado pelo publicitário João Santana, de triste memória. A crise econômica que seu governo escondeu para garantir a reeleição obrigou o governo federal a fazer, logo depois da eleição, brutais cortes no Orçamento, que não pouparam a educação e os programas sociais responsáveis por garantir o ingresso de jovens em faculdades, como foi o caso do FIES.
De educadora, a pátria deixada por Dilma Rousseff tem muito pouco. Mas a culpa não é só dela e sim de sucessivos governos que não cuidaram da educação como deveriam, em um descaso de séculos.
Não fosse assim, o Brasil não teria passado vergonha em Cuba, onde, em junho deste ano, foi realizada a reunião do Parlamento da América Latina e Caribe, o chamado Parlatino, no qual tive a honra de participar como um dos representantes do Congresso Nacional.
Na ocasião, foram apresentados os números do Relatório sobre Capital Humano, do Fórum Econômico Mundial, sobre o êxito dos países em preparar sua juventude para uma vida produtiva e bem sucedida, ou seja, sobre a qualidade da educação que os países oferecem, para que nossas crianças tenham condições, no futuro, de gerar renda. Para que nossos jovens sejam bem sucedidos e para que o Brasil supere o ciclo da pobreza de sua população.
O Brasil, cuja posição na economia mundial oscila em torno da oitava colocação em Produto Interno Bruto (PIB), ficou em um humilhante 83º lugar no Índice de Capital Humano do Fórum Econômico Mundial, atrás de países como o Uruguai (60º), a Costa Rica (62º), a Bolívia (77º) e o Paraguai (82º). Cuba, na 36ª posição, lidera o ranking da educação na região, mesmo tendo sofrido por 57 anos o embargo econômico dos Estados Unidos. Essa pequena ilha no Caribe consegue um desempenho impressionante na educação, assim como na saúde, na segurança pública, enquanto o Brasil patina nessas áreas.
Calculado desde 2013, o Índice de Capital Humano compara 130 países pelo uso que fazem do potencial de sua população. Sintetiza indicadores de ensino, capacitação e emprego para cinco grupos etários, de menores de 15 anos até maiores de 65 anos, como qualidade de escolas primárias, taxa de desemprego e treinamento no trabalho.
O Fórum Econômico Mundial considera que, em longo prazo, a educação é o mais importante fator para a economia de qualquer país. Não é a toa que os cinco primeiros colocados tem economias muito sólidas: Finlândia, Noruega, Suíça, Japão e Suécia.
Para que possamos chegar ao nível de países que se beneficiam, em suas economias, de uma população bem educada, precisamos começar pela educação básica. Com uma pontuação de 64.51, o Brasil tem mais de 35% do seu capital humano ainda subdesenvolvido.
Esse desempenho foi puxado para baixo, principalmente, pela falta de preparo dos jovens de 0 a 14 anos. Neste ranking específico, o Brasil foi o 100º entre 130 países.
Pesa contra o Brasil a chamada "taxa de sobrevivência em educação básica", que é a capacidade que o aluno tem de sair bem preparado do ciclo primário de ensino (98º lugar), e a qualidade da educação primária (118º lugar).
Por isso, tenho dito que não podemos aceitar que o governo Temer corte as verbas de programas como o FIES e o PRONATEC, da mesma forma, não deve haver cortes na saúde e em programas sociais, para não penalizar ainda mais a população mais desprotegida.
*Arnaldo Jordy é deputado federal pelo PPS/PA
Nenhum comentário:
Postar um comentário