terça-feira, 15 de setembro de 2015

Na CPI, Jordy questiona capacidade do BNDES em detectar desvios

 
    
Do Portal PPS
   
O secretário-executivo do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, afirmou nesta terça-feira ao líder do PPS em exercício, deputado federal Arnaldo Jordy (PA), que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), assim como todos os grandes bancos do país, teria condições de detectar irregularidades e riscos em suas operações. “Os grandes bancos tem em sua estrutura sistemas de detecção”, disse.

No entanto, em depoimento na CPI que investiga desvios no banco estatal, Liáo disse não ter conhecimento de qualquer investigação feita pelo Coaf com relação ao BNDES e afirmou que, pelo que sabe, o banco não teria acionado o órgão em virtude de alguma suspeita de lavagem de dinheiro. “Desconheço”, disse, ao ser indagado por Jordy. Mas afirmou que o ideal seria que a CPI enviasse um pedido oficial de informação ao Coaf, o que será feito. Diante da resposta, o parlamentar lembrou a diversos casos suspeitos, como os financiamentos para o empresário Eike Batista, para o grupo JBS/Friboi e para as empresas do consórcio responsável pela obra da usina de Belo Monte.
  
Negócio suspeito
  
O deputado também quis saber se Liáo tinha conhecimento de uma operação suspeita entre a construtora Odebrecht e a empresa Noronha Engenharia relacionada com a construção do Porto de Mariel, em Cuba, obra financiada pelo BNDES. Jordy relatou que reportagem do site Congresso em Foco apontou que a empreiteira fez um empréstimo de R$ 3 milhões para a Noronha, que posteriormente foi contratada por R$ 3,6 milhões pela Odebrecht para certificar a qualidade das obras no porto. A matéria cita ainda e-mail no qual funcionário da empreiteira acertaria que dos R$ 3,6 milhões recebidos, a Noronha devolveria R$ 2,5 milhões para a Odebrecht.
  
Liáo afirmou que ficou sabendo do caso ao ser procurado pelo jornalista que escreveu a matéria. Disse que comentou a situação em tese e, pelo que lhe foi relatado parecia ser uma operação estranha, não usual. “Não é uma coisa do dia a dia", reforçou ao responder Jordy na CPI. 
  
Ao ser perguntado pelo parlamentar se houve alguma investigação diante da suspeita de irregularidade, o secretário disse não ter conhecimento se, após a publicação da matéria, o caso foi investigado. “Desconheço. Eu não recebi informações (oficiais) sobre essa operação”, respondeu Liáo, que explicou ainda que o Coaf só atua ao receber uma notificação. “São 4 a 5 mil notificações diárias”, relatou.
  
Chegou a comentar, no entanto, que medidas de governança são interessantes para acompanhar subcontratações em casos de financiamento.
  
Foto: Robson Gonçalves
  
  

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