quarta-feira, 26 de junho de 2013

Jordy discursa sobre as manifestações e protestos pelo país

 
Leia o discurso do deputado Arnaldo Jordy (DM/PA), na Tribuna da Câmara Federal, feito nesta terça-feira (26), onde trata acerca das manifestações e protestos populares em várias cidades do país.
  
  
Assessoria de Comunicação
Gabinete Dep. Arnaldo Jordy
(61) 3215-1376 / 8276-7807
      
  
  
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
  
As manifestações que acontecem há pouco mais de dez dias em todo o país revelam a face de um Brasil que estava adormecido, como vaticina a principal palavra de ordem do movimento: “O Gigante Acordou”. E acordou com disposição para recuperar o tempo perdido.
 
Ao longo da história, os estudantes sempre desempenharam papel fundamental na organização das massas que foram às ruas pedir liberdade, democracia e condenar a corrupção. Foi assim em 1964, 1968, Diretas Já e o impeachment de Fernando Collor, em 1992, episódio que levou a juventude a pintar a cara, para ser um fator decisivo na queda do ex-presidente, hoje senador da República e aliado do governo. Isso há 21 anos, quando boa parte dessa geração que está nas ruas não havia sequer nascido.
  
O poeta carioca Carlito Azevedo, ao ver a multidão nas ruas do Rio de Janeiro, um dos principais focos dos protestos, disse com propriedade: “quem não estiver confuso neste momento, não está bem informado”. De fato, muita gente foi pega de surpresa. As elites ficaram perdidas, batendo cabeça. Alguns dizendo bobagens do tipo: “seria um movimento de direita”. Aqueles que se achavam “donos” dos movimentos sociais, inconformados com a perda de controle. Nas redes sociais, os jovens construíram suas assembleias alheias às estruturas tradicionais da política, chamando para uma nova forma de fazê-la e redemocratizando a democracia. 
 
A presidente Dilma anunciou que “quer dialogar com os líderes do movimento”. Não entendeu nada! Não existem “os líderes”. Não existe um centro de comando, nem hierarquia. O movimento é horizontal. O comando vem das bordas.
   
Nos cartazes que empunham nos protestos e na Internet, o Brasil se deu conta que o movimento “não era apenas por 20 centavos”, mas contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção quase generalizada, o privilégio de empresas e os investimentos obscuros em arenas milionárias para a Copa de 2014. Aqui se trata de uma farra inexplicável. Em 2010, o presidente Lula anunciava que não haveria recursos públicos nos estádios, depois o governo falava em 2,5 bilhões de investimentos e hoje já se contabiliza 8,6 bilhões de gastos do tesouro.
 
Com essas palavras de ordem não foi difícil mobilizar consciências cada vez maiores, de muitas cores, gêneros e opiniões políticas diferentes, que englobam pessoas de todos os estratos da complexa sociedade brasileira. E reunir tanta gente assim traz efeitos colaterais não desejados, que são a violência e o vandalismo patrocinados por menos de 1% dos manifestantes, gente infiltrada que aposta na baderna, na depredação, no confronto e no descontrole do movimento.
 
Nos últimos dois anos, a juventude esteve à frente das principais manifestações no mundo, tendo como bandeiras de organização a ordem e a defesa intransigente da não violência, para pedir democracia e protestar contra a corrupção. Primeiro, na chamada “Primavera Árabe”, especialmente nos protestos da Praça Tahir, no Cairo, em 2011. E depois, no movimento “Ocupe Wall Street”, também em 2011, em que milhares de jovens ocuparam o distrito financeiro de Nova Iorque, em protesto contra a corrupção e a influência das empresas financeiras na economia americana.
 
O Brasil mostra uma juventude antenada com as causas mundiais, com os protestos e com a força do povo, em ação direta, sem a interferência do atual sistema representativo. O Brasil do povo não se sente representado pelo Brasil do poder institucional. Chegou a hora dos dirigentes do país ouvirem o que disseram as ruas. Não foi um muxoxo nem um recado suave. Foi um grito forte e certeiro. A reforma política é urgente e necessária. A população já não acredita mais nesse sistema que está aí.
  
As manifestações são fruto de uma revolta sufocada pela agenda política e econômica do país e pela corrupção. E as suas lideranças coletivas conduzem as discussões sem as estúpidas disputas por hegemonias partidárias.
   
O que está em xeque é o sistema político vigente; é a alienação das elites e da maioria dos governantes; é um Brasil que tem a sétima economia do mundo e detém o 73º lugar do IDEB, o 85º lugar no IDH, o quinto com os maiores juros real e a terceira maior carga tributária do mundo. É a falta de transparência dos gastos públicos, é o Brasil da oitava maior sociedade desigual do planeta. É o Brasil que foi às ruas para dizer basta.
  
Era o que tinha a dizer Sr. Presidente.
     
Deputado Arnaldo Jordy
   
 

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