New York – Deputados integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o tráfico de pessoas da Câmara Federal estão nos Estados Unidos desde o início desta semana, onde cumprem agenda oficial, como reuniões com representantes do governo norte-americano e ONGs que fazem o enfrentamento ao tráfico humano. Participam da missão o presidente da CPI, Arnaldo Jordy (PPS/PA), e Severino Ninho (PSB/PE).
Em Milwakee, principal cidade do Estado de Winsconsin, os parlamentares ouviram depoimento de Marcel Lee Paul, que no Brasil se chamava Marcelo, e que teria sido traficado para os EUA há cerca de 28 anos em São Paulo, junto com sua irmã Raquel. Marcelo, hoje com 35 anos, afirmou à comitiva sua certeza de que foi uma vítima de uma quadrilha, detalhando com clareza como aconteceram os fatos, após se perder com a irmã, depois que saiu de casa, em Cajamar - cidade próxima a Jundiaí/SP -, para tentar chegar à casa de seu pai, em uma cidade vizinha. Hoje casado, e tendo reencontrado sua família brasileira através da Internet, Marcelo que é deficiente auditivo, afirmou os deputados sua vontade de voltar a morar no Brasil.
“Foi um depoimento revelador porque ele diz ter presenciado a troca de dinheiro entre pessoas que o levaram para o exterior. Ele (Marcel) se considera uma vítima do tráfico humano”, disse Jordy em entrevista por telefone.
As investigações deste caso envolvem a ONG Limiar, com sede nos EUA e com filial na capital paulista, mas com atuações também em Curitiba/PR, e que podem desvendar uma rede de adoções ilegais que teria enviado para fora do país, mais de mil e setecentas crianças, com possível envolvimento de autoridades, inclusive da justiça.
Washington
Na capital americana, Washington, os parlamentares brasileiros participaram de reuniões com autoridades do Departamento de Segurança Interna (Department of Homeland Security – DHS), dentre os quais agentes federais e de inteligência, responsáveis pelo combate e enfrentamento e do Departamento de Saúde, que fazem o atendimento de vítimas das quadrilhas que negociam humanos, principalmente mulheres e crianças.
Os parlamentares estiveram reunidos com diretores da Organização Não Governamental The Human Prosecution Unit - Divisão de Direitos Civis dentro do Departamento Criminal que unifica as ações e experiência de alguns dos principais promotores contra o tráfico humano dos Estados Unidos, inclusive no apoio às vitimas de tráfico humano, principalmente jurídico, pois a maioria das vítimas deste crime, como em outros países, não têm acesso fácil à justiça e aos seus direitos.
ONGs
A CPI mantém na tarde desta quarta-feira (20), em Nova Iorque, contatos com organizações como a Safe Orizon, a New York Anti-Trafficking Network, a The Alliance to End Slavery and Trafficking, além da Blue Campaign, que unifica os órgãos de segurança do DHS, no combate ao tráfico de seres humanos, e que trabalham em colaboração com a polícia, governo, outras organizações não governamentais e privadas.
De acordo com o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), o contato com autoridades e entidades americanas é extremamente válido para o rastreamento e a identificação das quadrilhas que operam na negociação de pessoas, e de suas rotas. “O tráfico humano é uma calamidade mundial, um crime tão absurdo quanto lucrativo, e que tem operado à margem das leis e autoridades, bem como da sociedade, que não ainda consegue identificar quando a violação está acontecendo. Portanto, é importante que as relações entre os países sejam fortalecidas, de modo que as autoridades estejam capacitadas para combater as quadrilhas e que a sociedade tenha a consciência para denunciar”, afirmou o parlamentar paraense.
Tradicional destino de imigrantes ilegais, por vezes vítimas de quadrilhas internacionais que negociam humanos dos mais diversos países, como China, Vietnã, Rússia e de seus vizinhos como o México, os americanos tem interesse nas investigações que estão sendo realizadas pela CPI brasileira, inclusive nas propostas legislativas que estão sendo apresentadas pelo colegiado.
Estatísticas
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o tráfico de pessoas para exploração sexual é a terceira maior fonte de renda ilegal no mundo, após o tráfico de drogas e armas, movimentando em torno de 32 bilhões de dólares por ano. Estima-se que, por ano, quase um milhão de pessoas são traficadas, das quais 98% são mulheres. O Brasil lidera o vergonhoso ranking dos maiores exportadores de mulheres, com 85 mil vítimas.
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