terça-feira, 6 de outubro de 2015

Ex-presidente diz que Camargo Corrêa pagou propina de R$ 20 mi por Belo Monte

  

Da Agência Câmara
Por Janary Júnior
  
O ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, confirmou na tarde desta terça-feira (6), que a empreiteira se comprometeu a pagar a partidos políticos propina correspondente a 1% da sua parcela no contrato de construção da Usina de Belo Monte. Isso teria resultado no pagamento de propina de cerca de R$ 20 milhões.
  
Em resposta ao deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), ele falou que o PMDB foi o único partido que foi mencionado pelo ex-diretor de Energia da Camargo Corrêa, Luiz Carlos Martins, responsável pela negociação da propina, como destinatário das verbas. “Isso me foi reportado pelo diretor [Luiz Carlos]. Eu tenho responsabilidade por não ter proibido [isso]”, disse Avancini, que depõe neste momento na CPI do BNDES.
    
As afirmações do ex-dirigente da construtora fazem parte do acordo de delação premiada que ele fez com o Ministério Público Federal e já haviam sido noticiadas em junho passado.
    
A Camargo Corrêa faz parte de um consórcio contratado pela Norte Energia – concessionária que vai operar a hidrelétrica – para construir Belo Monte (PA). Fazem parte ainda do consórcio outras noves construtoras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. A Camargo possui 16% deste consórcio.
  
Realidade
   
A construção da Usina de Belo Monte (PA) só saiu do papel porque o BNDES estruturou o financiamento da hidrelétrica, afirmou Dalton Avancini, em resposta ao deputado Alexandre Baldy (PSDB/GO). 
   
Segundo ele, as tarifas de energia previstas no projeto para o futuro concessionário não tornavam atrativa a participação da Camargo Corrêa no empreendimento. Por causa disso, a empresa não quis entrar na licitação para escolha do concessionário, que foi ganha pela Norte Energia.
    
A Camargo foi posteriormente contratada pela Norte Energia, junto com outras noves construtoras, para construir a hidrelétrica.
    
Avancini explicou aos deputados que a construtora não fez contratos diretos com o banco para financiar a parte da Camargo Corrêa na construção da Usina de Belo Monte (PA). Afirmou ainda que não vê ligação entre os empréstimos do BNDES às empresas para financiar obra de infraestrutura e a Operação Lava Jato. Segundo ele, o banco é rigoroso na concessão dos financiamentos e não havia atrelamento entre as concessões e pagamentos de propina.
   
Durante seu depoimento, o ex-presidente da construtora disse que nunca ouviu falar em pagamento de propina para diretores ou funcionários do banco. Ele disse também que a Camargo não foi beneficiária do empréstimo para a construção de Belo Monte, já que os recursos foram contratados pela Norte Energia.
     
Condenação
    
Em julho, o ex-executivo da Camargo Corrêa foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 15 anos e 10 meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Avancini é um dos ex-executivos da construtora envolvidos em corrupção na Petrobras, investigada na Operação Lava-Jato.
  
A Camargo Corrêa participou de consórcios de empresas responsáveis por obras das refinarias Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR); Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP); e Abreu e Lima (Renest), em Pernambuco, e do Gasoduto Urucu-Manaus (AM). Dalton Avancini esteve, em maio, na CPI da Petrobras.
  
Atualmente ele se encontra em prisão domiciliar, depois que fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
   
Os deputados Arnaldo Jordy e Carlos Melles (DEM/MG) foram os autores dos requerimentos para realização da audiência pública.
   
  

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