Brasília/DF - A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas no país ouvirá em audiência nesta terça-feira (2), Antônio Carlos de Oliveira, um dos diretores do Consórcio Construtor da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingú, no Pará, em cujo canteiro foi descoberta uma boate onde mulheres, vítimas de uma quadrilha de tráfico humano, se prostituiam. Antônio Carlos é responsável pelas áreas de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente, Saúde e Responsabilidade Social do Consórcio.
O diretor foi convocado para dar explicações sobre a referida boate que tinha 18 mulheres jovens, uma delas menor. Elas moravam em pequenos quartos sem janelas e com travas externas, onde eram obrigadas a se prostituir. A boate foi desmontada em operação policial realizada recentemente.
Segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, é impossível que os gestores de Belo Monte não tivessem conhecimento do funcionamento da boate. "Esse prostíbulo fica na beira da única estrada dentro do canteiro. Nós não podemos aceitar esse tipo de cumplicidade. Dependendo quais forem as razões apresentadas, as defesas apresentadas ou a defesa apresentada pelo consórcio, vamos avaliar as possibilidades”.
A CPI também está levantando dados como o aumento da violência e dos índices de criminalidade em Altamira, por conta do incremento populacional decorrente da construção da usina. Para se ter uma ideia, Altamira possuia cerca de 100 mil habitantes, antes do início das obras da hidrelétrica. Em questão de sete meses, houve um fluxo migratório de aproximadamente 30 mil pessoas. “Normalmente, isso deveria acontecer em um período de 10, 15 anos”, afirmou Jordy. Não houve, porém, a ampliação da estrutura da cidade com equipamentos de saúde, segurança e educação, que em alguns casos, segundo ele, até regrediu.
Os integrantes da CPI estiveram em audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para pedir que fossem tomadas providências caráter de urgência sobre a situação em Belo Monte. Na ocasião, o ministro prometeu levar o caso aos ministérios envolvidos com o empreendimento para tentar soluções. Os parlamentares chegaram a cogitar um apelo pela paralisação das obras.
Denunciados
O Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) denunciou seis pessoas ligadas ao caso da Boate Xingu, de Altamira, pelos crimes de trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual, corrupção de menor e formação de quadrilha. De acordo com o MPF/PA, os acusados foram identificados pelas vítimas libertadas da boate, depois de operação da Polícia Civil do Pará.
A audiência para ouvir Antônio Carlos de Oliveira está marcada para acontecer às 11h, no plenário 11 da Câmara Federal.
Assessoria de Comunicação
Gabinete Dep. Arnaldo Jordy
jordycamara23@gmail.com
(61) 3215-1376 / 8276-7807
Nenhum comentário:
Postar um comentário